19 de janeiro de 2011

Como foi o meu 1º dia na Campus Party

Campus Party durante a queda de energia que ocorreu ontem e que desconectou o maior evento mundial de internet por uma hora.

Ontem foi o primeiro dia de atividades da Campus Party, o maior evento de tecnologia do mundo. Cheguei por volta das 15h e encontrei o galpão do centro de exposisões Imigrantes lotado e muito, mas muito quente mesmo. Logo de cara, o que chama mais atenção são os desktops customizados e os monitores de 40 polegadas pra cima que os "campuseiros" trazem de casa para aproveitar melhor a conexão de absurdos 10Gb. É notável que muitos estão ali apenas pela velocidade da internet, aproveitando o evento para acessar as redes sociais, baixar e assistir filmes e jogar videogame. Contudo, o número de pessoas que aproveita os workshops do evento é expressivo. São pessoas de diversas áreas do conhecimento (embora predomine a área de programação) e eventos que abordam software livre, desenvolvimento, robótica, redes sociais, games, simulação e até astronomia. As discussões sobre educação digital acontecem em diversos espaços do evento, com diferentes focos. Ontem, participei de discussões sobre a relação da educação com as redes sociais, livro digital, lousa interativa e jogos eletrônicos. Foi um dia bastante rico, embora fique a sensação, em especial para quem trabalha na área de educação digital, de que o tema poderia ser melhor explorado na Campus Party. Por outro lado, para quem participou das três outras Campus, é nítido o aumento de atividades relacionadas à educação. Certamente, essa é uma área que ganhará cada vez mais espaço na Campus Party.

Muitas discussões não trazem a "tag" educação no título e na descrição da atividade, mas, especialmente para alguém que já tem alguma experiência na área, é importante construir as relações durante o evento. Por exemplo, a área de games está repleta de oficinas e palestras, mas poucas visam diretamente a área de educação. No entanto, é possível aproveitar esses momentos para construir relações próprias com o tema, pois há diversos elementos que podem ser trazidos para a sala de aula não apenas porque os alunos jogam aqueles jogos, mas também porque os serious games tem que ser tão legais de jogar quanto qualquer jogo comercial. 

A Campus Party não é multitarefa apenas ncs diversos temas que aborda. Os palcos onde acontecem as palestras e as oficinas são um ao lado do outro, sem divisórias, contornando as centenas de bancadas onde os "campuseiros" se conectam à internet. Os sons se misturam e às vezes é difícil se concentrar. Os cabos da internet estão distribuidos por todo o galpão, inclusive na platéia das palestras, o que facilita bastante a vida de quem está produzindo conteúdo. Por outro lado, a agenda cheia de eventos deixa pouco tempo para escrever. Há no máximo 15 minutos entre uma atividade e outra, o único tempo disponível para escrever as resenhas para o blog. 

A falta de energia elétrica na Campus Party evidenciou como toda essa tecnologia pode deixar de fazer sentido em segundos. No Brasil, onde centenas de escolas ainda não têm acesso à energia elétrica, a experiência de ficar uma hora no escuro, sem internet, serviu para imaginar como o letramento digital vai diferenciar os espaços iluminados do espaços opacos, espaços esses que devem ser entendidos como construção social, não apenas como palco das ações humanas. Saber ler e escrever já não basta para ter acesso ao mundo do conhecimento. Desde as tarefas mais simples do dia a dia, temos que lidar com a tecnologia da informática. O ensino digital já é mais do que uma outra forma de aprendizado. A cibercultura é um novo e fundamental componente da inclusão social. 

Um comentário:

  1. É meio paradoxal que um evento desse porte seja suplantado pela simples questão da energia. Deixando esse ponto de lado, acho interessante pensar como a internet em toda sua profusão e velocidade de informação, mesmo num evento assim, carregado de palestras, sirva meramente como passatempo e diversão.Não faço juízo de valor sobre, mas como apontado no texto, o espaço está aberto para os campos e projetos de educação.As possibilidades educacionais tornam-se novas e campos férteis a serem desenvolvidos. Entra agora a questão: Quem os ocupará? Quem produzirá? Quem dará o suporte necessário?

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