8 de janeiro de 2011

Design Instrucional

Data: 10/2009

Título: Design Instrucional
Veículo: Revista Dirigida
Autor: Débora Thomé

Nos últimos anos, a invasão tecnológica na área da educação incluiu novos termos ao cotidiano acadêmico. Um deles é o design instrucional (DI), uma área da pesquisa educacional que se preocupa com o planejamento de material para educação — online e offline. A função, que também atende pelos nomes de designer pedagógico ou desenhista educacional, pode ser considerada uma nova profissão, cujo termo só foi oficialmente reconhecido no Brasil no ano passado.

Mas, na verdade, a figura do DI existe desde que existe o material didático. Apesar deste processo ter surgido no início do século 20 para atender às necessidades da educação de longo alcance, principalmente no treinamento de adultos em situações práticas, como guerras, o design instrucional ganhou mais força recentemente, com os modernos sistemas de e-learning, e se transformou numa espécie de upgrade nas funções do pedagogo. “O que acontece é que esse termo passou a ser usado de uns tempos pra cá, depois de ter sido adotado do termo em inglês, e com o surgimento das novas tecnologias que incrementaram
o ensino a distância”, disse Fabiana Zveiter, gestora de projetos educacionais do Senac-Rio. Engenheiro e pedagogo, o polonês Alexander Romiszowski, que atualmente é consultor em cursos online para diversos países, concorda com a colega de profissão.

Para Romiszowski, o desenhista instrucional está presente em qualquer situação em que haja necessidade de fazer a transposição pedagógica de um conceito para facilitar a compreensão do público-alvo daquele material. “Sendo assim, tanto na modalidade presencial quanto na educação a distância, a atuação do desenhista instrucional estará justificada sempre que houver a transposição pedagógica”, disse o especialista. Romiszowski começou a atuar na área por acaso. Formado em engenharia e depois em pedagogia, trabalhou na indústria automobilística inglesa nos anos 1960, onde foi logo deslocado para integrar um projeto de desenvolvimento de material didático. Para Romiszowski, o desenhista
instrucional está presente em qualquer situação em que haja necessidade de fazer a transposição pedagógica de um conceito para facilitar a compreensão do público-alvo daquele material.

“Sendo assim, tanto na modalidade presencial quanto na educação a distância, a atuação do desenhista instrucional estará justificada sempre que houver a transposição pedagógica”, disse o especialista. Romiszowski começou a atuar na área por acaso. Formado em engenharia e depois em pedagogia, trabalhou na indústria automobilística inglesa nos anos 1960, onde foi logo deslocado para integrar um projeto de desenvolvimento de material didático.

Talvez porque a modalidade tenha uma característica muito específica, que é aquela atribuída ao autoestudo. Por isso, para Andrea Filatro, mestre e doutoranda em didática e metodologia do ensino, o material didático precisa ser pensado e elaborado de forma que o participante, sozinho, seja capaz de entender
o que está lendo: “Tudo o que é didático precisa ter um design elaborado para apoiar o lado pedagógico da aprendizagem e instigar o aluno na busca pelo conhecimento”. A educadora lembra que, segundo estudos realizados na área de EAD, o índice de evasão ainda é alto - entre 50% e 80% -, e por isso é tão necessário cuidar do desenvolvimento dos cursos e torná-los mais atraentes para garantir a permanência dos alunos. “Em uma aula presencial o conteúdo é mediado pelo professor. Já nos cursos a distância, há necessidade de alguma mídia (web, CD ou mesmo livro), com forma e identidade”, disse Andrea.

Fato é que a internet e os meios eletrônicos geraram outros tipos de aluno, professor e abordagem de conteúdo. Por deixar de ser a única fonte de informação, o professor tem de reafirmar sua posição de transmissor de conhecimento e articular todas as fontes de informação para que o aluno capte o sentido e construa o conhecimento. “Esse é o novo estudante, que tem consciência de todo o processo, é capaz de fazer suas escolhas e deixou de ser apenas um receptor passivo, pois ele sabe o que quer, o que precisa aprender e já tem uma experiência acumulada de aprendizagens anteriores”, disse Andrea Filatro, autora de dois livros na área: “Design Instrucional Contextualizado: Educação e Tecnologia”, lançado pela Editora Senac (2004), e “Design instrucional na prática”, da Editora Pearson (2008).

Profissional Multifunções

Para atuar como designer instrucional, é preciso, então, ser pedagogo ou outro profissional da área educacional, certo? Não exatamente. Parece ser consenso que para exercer a função não basta ter uma formação em Educação. “É necessário ter identificação com as novas tecnologias, pois quando falamos em EAD pensamos logo na modalidade mediada por esses recursos”, disse Fabiana Valim de Lima Dias, professora, psicóloga e designer instrucional da EduWeb.

Outra característica importante para esse profissional é a capacidade de análise e síntese, bem como a habilidade de se comunicar por meio da escrita. “Por este motivo, muitas vezes as empresas buscam no mercado profissionais da área de comunicação”, disse Fabiana Valim. Na opinião da xará, Fabiana Zveiter, também é fundamental que o desenhista instrucional leia muito, sobre todos os assuntos,
em livros, revistas, internet, quadrinhos.

“Hábitos de leitura consistentes garantem um vocabulário bacana e um conhecimento de mundo imprescindível para quem se propõe a ‘traduzir’ os conceitos mais complexos em um texto agradável e acessível.” Antes de começar o desenho instrucional o DI precisa estudar a fundo o conteúdo que vai trabalhar.
Dar só uma olhadinha não basta, ler superficialmente também não. “Por exemplo, se você vai transformar o conteúdo de um curso presencial de Química em um curso digital, deve entender de verdade o que o curso está ensinando. As situações que você vai criar, as metáforas, analogias, charges, atividades, vão estar baseadas na sua compreensão do assunto”, disse a designer.

Com tantos requisitos, não é surpresa que o mercado de trabalho para o DI esteja em aquecimento, como informa a gerente corporativa do Centro de Tecnologia e Gestão Educacional do Senac Rio, Adriana Schneider. “Além de empresas e instituições de ensino, que geralmente integram o DI ao seu quadro funcional, existem muitos serviços de consultoria, principalmente para empresas e instituições que estão em fase de implantação da EAD. Sem falar na possibilidade de aplicação desse conhecimento nas áreas de RH e até de comunicação.”

Sobre tarefas e remuneração

Da mesma forma que suas atribuições e sua atuação, os vencimentos desse profissional variam muito. Atualmente, os salários podem começar em R$1.200 e chegar a R$7 mil. “Muitas vezes ouvimos que um DI pode receber até R$4 mil mensais. Isso pode ocorrer por dois motivos: o DI atua como um DI Senior, ou, além de manter um emprego CLT, realiza alguns trabalhos como freelancer, aumentando assim a sua renda mensal média”, disse Fabiana Valim. Na teoria, o DI trabalha como uma espécie de coordenador de uma equipe multidisciplinar em todas as fases (análise, planejamento, desenvolvimento, execução e avaliação) de criação de um curso a distância.

Deste modo, ele necessita ter conhecimentos básicos em diversas áreas para que
tenha a competência de comunicar com a equipe multidisciplinar e de coordenar os serviços do webdesigner, do professor conteudista, do revisor, etc. Na prática, não há muita divergência do que se encontra na teoria, pois, basicamente, o DI realiza a coleta do material junto ao conteudista/cliente, planeja e elabora a proposta pedagógica e implementa o curso. Resumidamente, dentre as atribuições oficiais do designer instrucional estão:
- Definir a proposta pedagógica do curso contemplando os objetivos e estratégias indicadas;
- Esclarecer os professores/conteudistas e demais envolvidos sobre a proposta pedagógica do curso;
- Confeccionar o storyboard, roteirizando e projetando o curso a distância que será desenvolvido;
- Acompanhar e orientar os professores/ conteudistas durante o desenvolvimento do conteúdo;
- Validar se os resultados do trabalho dos profissionais envolvidos correspondem à proposta pedagógica apresentada inicialmente;
- Ser o elemento de ligação entre o professor/conteudista e as equipes de produção dos materiais didáticos. - Implementar o desenho instrucional
definido para o curso nos materiais didáticos produzidos.

“Trabalho com EAD desde 2004 — atualmente sou gestora de projetos educacionais do Centro de Tecnologia e Gestão Educacional do Senac Rio. Mas conheço muitas pessoas que não têm formação em Pedagogia e atuam como DI. São publicitários, fonoaudiólogos, biólogos, advogados... Eu mesma sou uma, já
que minha formação foi em Comunicação Social/Jornalismo. Atuei como jornalista (incluindo as funções de repórter, assessora de imprensa, revisora, tradutora etc.) durante três ou quatro anos, até ir trabalhar em uma editora que produzia materiais didáticos sob demanda.

Minha função era “ser a pessoa de comunicação”, além de revisora dos materiais produzidos. Como sempre chegava algum pedido dos clientes para deixar o texto mais agradável, mais interessante, menos cansativo, comecei a fazer DI sem nem saber que isso existia. Em seguida fui trabalhar em uma consultoria educacional, onde de fato me desenvolvi como DI. A produção era muito intensa e o aprendizado foi enorme. Já aqui no Senac Rio, tive a oportunidade de desenvolver cursos presenciais e a distância, com mídia impressa, digital e online, com temas variados, como: participação e autonomia, feedback, produção de textos e cursos técnicos voltados para a necessidade dos clientes.”

http://www.observatoriodaead.com/2009/10/design-instrucional.html



Nenhum comentário:

Postar um comentário